25 setembro, 2015

Desabafo

Esse negócio de amor só tem funcionado mesmo para me fazer escrever. Espero, de coração, que esse tempo de "escolhas insensatas" termine. E eu volte a acreditar nas pessoas - e no amor - de novo.

(Isso é um pedido. E quase uma prece).



Agora, para começar o final de semana com arte (e alegria!), a coluna do nosso querido Gustavo do @cinediario!

A sétima arte, em palavras - Gustavo Rezende

Baltasar Kormákur precisava ter trocado umas ideias com Danny Boyle antes de rodar Everest.
Sem cair na fácil armadilha do sentimentalismo, com uma narrativa em primeira pessoa e uma grande limitação de espaço, Boyle fez história com o incrível 127 horas. O mesmo não pode se dizer de Everest, aventura dramática que conta a história de 8 alpinistas que resolveram chegar ao cume de um dos montes mais famosos do mundo. Obviamente nem tudo sairá como planejado, colocando a vida de todos eles em risco. Repleto de clichês, orquestrado por uma trilha que antecipa todos as ações do filme, e com uma alta dose de sentimentalismo, Everest torna-se um grande emaranhado, costurado com elementos que não combinam entre si. Com 2h de projeção, o longa demora pelo menos 1h para colocar uma cena de ação na tela. Todo esse tempo é preenchido por tramas paralelas que não acrescentam nada de interessante no contexto. Temos a história do casal de alpinistas "grávidos", o "mártir" que quer escalar para servir de exemplo para as crianças, e o homem que esqueceu de ligar para a mulher para cumprimentar pelo aniversário de casamento. Essa primeira hora é um verdadeiro exercício de paciência, já que a projeção perde um tempo demasiado com os preparativos da escalada, deixando o espectador com uma grande sensação de frustração. Repleto de estrelas como Josh Brolin, Jake Gyllenhaal, Emily Watson, Keira Knightley e Sam Worthington, Everest seria infinitamente mais atraente se tivesse concentrado sua narrativa na escalada, e nos problemas encontrados durante o percurso. Ao contrário disso, o longa prefere preencher as lacunas com muito melodrama e cenas trabalhadas para arrancar lágrimas do espectador. Outro grande problema do filme é a trilha sonora. Imagine uma cena onde os alpinistas estão caminhando por uma ponte suspensa. De repente, um acorde dramático começa a tocar. Logo pensamos: Opa! Alguém vai cair. E não é que a nossa "intuição" se concretiza! Essa falha se repete em todo o filme, sejam nas cenas alegres ou dramáticas. Ou seja, com Everest não existe surpresa, a trilha já nos conta tudo!
Lento e irregular, Everest desperdiça uma grande história.

Nota: ☆☆


Gustavo Rezende (instagram @gustavosrezende) é publicitário, especialista em desenvolvimento de produtos cosméticos e amante da sétima arte. Criador do instagram @cinediario, contribui semanalmente com críticas, indicações e curiosidades sobre os melhores filmes.

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