13 julho, 2015

Momentos improváveis



Sabe quando você precisa fazer algo diferente na vida? Pois bem. Dessa vez eu não cortei o cabelo. Não fui acampar. Nem me matriculei numa aula de Pole Dance. A única coisa que fiz fora do meu normal foi... Bem... Estão preparados? Eu saí de casa sábado à noite. CHOCADOS? É, eu entendo. Para a maioria das pessoas, se aventurar em baladas é como... Respirar! Uma necessidade básica.

Para mim, canceriana e apreciadora de filmes, vinhos e demais aconchegos, essa tarefa nunca me pareceu tão fácil. Sempre preferi o dia. Acho ficar em casa o melhor programa do planeta. E só costumo sair de casa à noite para comer, ver um showzinho ou beber na casa de amigos. Não sei quando comecei a virar eremita, mas definitivamente as boates e casas de show lotadas não me inspiram. Bom, não me inspiravam. Até então.

Eis que – em pleno dia chuvoso - resolvo reverter minha ordem. E dormir na hora do sol nascer. É, foi mais ou menos assim. Saí de casa com a cara, a coragem. E minha fiel amiga a tiracolo (sem a qual, obviamente, nada disso teria sentido). O que encontrei? Ah, pra começar, lugares abarrotados. Porteiros pedindo identidade (na minha fantasia eles sempre acham que sou menor de idade). E gente exalando a cigarro (apesar de toda proibição). Até aí, nada diferente, CERTO? Bom, errado. Do meio da música, ele apareceu. ELE, que eu nunca vi. ELE, que eu nem sabia quem era. Me olhou meio de lado, daquele jeito que finge que não está olhando. E ficou. Com um ar absolutamente lindo. Como um clipe. Eu sei, eu sei. Sempre acho que o rock´n roll é culpado de tudo. Mas dessa vez, TALVEZ, não. Sabe quando você precisa acreditar que existem pessoas interessantes no mundo? Que alguém vai te olhar de um jeito único e você vai voltar a sonhar de novo? Foi mais ou menos assim. (E ele ainda usava All Star, meu Deus! Um All Star limpo e judiado, igual ao meu coração...)

Aí ele começou a falar... E eu, simplesmente, me calei. PAUSA NO MUNDO. Ele sabia tudo sobre música, cinema, história, teologia, mas era simples e despretensioso; e me deu uma aula sobre a guerra dos Emboabas. Alguém pode acreditar num ser desse? Não, gente. Pode ser bonito, pode ser charmoso, mas homem inteligente é o que me mata. Inteligente e charmoso (diga-se de passagem). E para completar: ele sabia quem era Patti Smith (é, a minha Patti Smith!), a música que ele mais gostava era dos Stones e ele não se sentia ameaçado por mulheres fortes e independentes. RÁ!

O que aconteceu nesse encontro? Bom, isso vai ficar entre nós. Ou melhor: entre eu e ele, se vocês me permitem. Porque, no meu inocente entender, às vezes a gente deve preservar momentos mágicos. Para que eles não sumam. Nem se transformem para sempre. Só sei que... Bem... Agora eu acredito em sorrisos de novo.

(E em noites de sábado também).


ps: esse texto será publicado (com algumas modificações) em um dos meus livros novos! Aguardem!

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