24 novembro, 2015

Passe Livre

Coluna Pedro Raposo Lopes



MISÉRIA

“Miséria é miséria em qualquer canto
Riquezas são diferentes
Índio, mulato, preto, branco
Miséria é miséria em qualquer canto
Riquezas são diferentes
Miséria é miséria em qualquer canto
Filhos, amigos, amantes, parentes
Riquezas são diferentes”. 
(“Miséria”, Paulo Miklos / Sergio Britto / Arnaldo Antunes)


Fui visitar minha cidade natal na semana passada, o Rio de Janeiro, de São Sebastião. Enquanto aguardava no saguão do local onde iria palestrar, fiquei a observar aquela imensa e magnífica obra de engenharia construída no Píer Mauá, ali naquela praça (até ontem reduto de putas e marinheiros) em cujos arredores se situa o tradicional Colégio de São Bento, onde passei a maior parte de minha infância e adolescência. Belíssima construção recentemente inaugurada, digna das cidades mais prósperas do Primeiro Mundo.

Também não muito distante dali (e dava para ver na mesma moldura de vidro daquele prédio sofisticado do início da Avenida Rio Branco), a comunidade pobre do Morro da Providência e da Gamboa e, um pouquinho mais distante, surgindo entre muita névoa de poluição, a baixada fluminense.

O Rio de Janeiro é assim: cheio de contrastes. A pequenina Zona Sul, espremidinha entre as montanhas e o mar, berço da riqueza carioca, e o gigantesco bolsão de pobreza da baixada. As favelas da Zona Sul, penduradas nas encostas, funcionam como lembrança constante de que a pobreza está lá, existe e não pode ser desconsiderada no cotidiano de executivos e donas de casa.

Essa viagem que empreendi me fez refletir sobre os recentes ataques terroristas em Paris, cidade pela qual também nutro uma paixão imensa, por sua beleza inefável e pela cultura que exala cada esquina sua.

A Paris que conheço também possui seus imensos guetos, onde moram muçulmanos, africanos e toda sorte de minorias. Pessoas à margem do fausto da cidade-luz e tratadas com despeito pelos habitantes e turistas (estes, também, muitas vezes tratados com despeito, sobretudo os latinos. É interessante experimentar uma dose de preconceito, sobretudo quando se sabe que é temporário e não durará mais que o idílio de umas férias na europa).

Vez por outra, no meu Rio de Janeiro, habitantes dos arrabaldes saem de sua marginalidade territorial para desfrutar um pouco das belezas das praias e dos parques. São tratados com o mesmo desdém com que são tratadas as minorias parisienses. Caso não possuam muito dinheiro, poderão ser inclusive presos preventivamente, a bem da ordem pública, com as bençãos da Secretaria de Segurança Pública.

Como dizia De Gaulle, “o apetite do privilégio e o gosto da igualdade, eis as paixões dominantes e contraditórias dos Franceses em todas as épocas.” Os franceses sempre prestigiaram, dentre os ideários da revolução de 1789, o da “liberdade” em detrimento dos da “solidariedade” e da “fraternidade”.

Os recentes ataques terroristas à capital francesa, conquanto possam ter sido urdidos no longínquo oriente médio, foram executados por esses mesmos cidadãos marginalizados, ou quase-cidadãos. E agora, paradoxalmente, as medidas de polícia adotadas sufocarão a “liberdade” dos socialistas de cafés (como cá existem os comunistas de botequim do Leblon). Mas, ao que tudo indica, a iniquidade dos guetos tenderá a prosperar e o preconceito contra as minorias a recrudescer.

Diante desse quadro de confrangedora desigualdade, não foi difícil ao Estado Islâmico recrutar jovens dentre franceses que, sob o pretexto de promover a justiça divina, puseram as mãos em armas e bombas, a arrostar os conceitos ocidentais e seu modus vivendi libertino. 

Miséria é miséria em qualquer parte.

Dizem que o Brasil está imune a tais ataques jihadistas. Será?

Todos sabemos como a religião funciona como válvula de escape para as mazelas da pobreza, basta ver a profusão de igrejas, templos e cultos que se espalham por todas as capitais brasileiras. Some-se a isso o preconceito e a marginalidade e não será inconcebível que as ideias de fundamentalistas também grassem em terras tupiniquins.

E mais: é preciso que se tenha em mente que a má compreensão do Islã é também fruto da falta de educação ou da má formação cultural dessa horda de marginalizados que, justamente por desconhecerem os fundamentos da religião, distorcem os conceitos e lançam-se em empreitadas criminosas.

Ernst Jünger, um dos maiores escritores do século XX, em sua obra “A Guerra como Experiência Interior”, já evidenciava a existência, no ser humano, de algo bestial e o prazer pelo sangue existente nos soldados alemães da Primeira Grande Guerra, sobretudo naqueles cujos olhos não estavam acostumados ao belo e que, portanto, naquele cenário de terror, não experimentavam as intermitências da beleza.

Instile em algum menino pobre das periferias do Rio de Janeiro tais ideias pervertidas, arme-o com um fuzil AK-47, coloque-o em luta contra a desigualdade e terá um jihadista tupiniquim.

Miséria é miséria em qualquer parte.

Em tempo de Olimpíadas no Rio de Janeiro (riquezas são diferentes), é tempo de nos miramos no exemplo a não ser seguido dos franceses e que tenhamos o coração aberto para uma sociedade plural, democrática e igualitária, capaz de possa manter à distância a intolerância de todo tipo. Caso contrário, a Paris de hoje pode ser o Rio de Janeiro de amanhã.


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23 novembro, 2015

NO MEIO DA LAMA, O AMOR... (PUNK!)



Pessoal, está chegando! 
É QUINTA-FEIRA, DIA 26, na A Autêntica! Estarei vendendo e autografando AMAR É PUNK,  de 19 horas até o final da festa. Entrada franca até 22 horas. A partir de 23:00, shows com Paula Kfuri, Guilherme Calk e participação especial da Gabi Mello.
ESPERO VOCÊS!


Para começar a semana com pensamento positivo, generosidade e AÇÃO, um texto foda da +Renata Lommez  para a gente pensar...

E de repente, no meio da lama eis que aparece ele, o amor!

Não te dá uma vontade de chorar, um suspiro que não sai do peito quando você se depara com o drama que vivem as famílias, milhares, que sofrem com o descaso de Mariana? 
Não podemos aqui falar em acidente, Mario Sergio Conti tem dito que desastres e tragédias não são provocados pelo homem, são acontecimentos que não estão sob nosso controle, muito diferente do que aconteceu por lá. E como dói nosso coração cheio de amor ao ver as pessoas perdendo anos de luta, o pouco/muito que tinham, perdendo sua paz ao reviverem seu drama, perdendo sua historia e muitos afetos apenas porque são invisíveis como seres humanos e porque precisam se submeter à dependência do que o mais forte lhes proporciona apenas para que os prazeres desse sejam realizados. Freud escreveu em 'O mal estar na civilização':_ “Uma satisfação irrestrita de todas as necessidades apresenta-se como o método mais tentador de conduzir nossas vidas; isso, porém, significa colocar o gozo antes da cautela, acarretando logo o seu próprio castigo”. Apesar de vermos tanta gente querendo lucrar através do mais fraco, de vermos nas sociedades passadas e contemporâneas a busca pela realização dos desejos daqueles que detém o poder custe o que custar, quero observar aqui que é preciso acreditar no amor em suas diversas formas e enxergar como temos tentado mudar, como apesar ainda de muitos ”faça o que eu falo, mas não faça o que eu faço”, as pessoas se mobilizam pelo outro cada vez mais e existe uma busca constante pela mudança em nossos paradigmas. É hora de trocar o choro de dor pela busca da solução e chorar de emoção diante da apresentação do amor solidário pelo próximo que vem mundo afora, através de verdadeiros heróis que canalizam sua arte em ações, cuidados e força, força essa que ganhou peso e união de todos que estavam presentes no show da banda Pearl Jam, banda que transformou um espetáculo de música em e, principalmente um espetáculo de amor. Força que surge através de infinitos heróis anônimos que doam dinheiro que às vezes mal têm pra si, que doam tempo e assistência porque sabem que é preciso deixar de lado o próprio umbigo na ânsia de cuidar do outro. Precisamos ser sábios para lidarmos com o lado ruim da vida. O descaso de uns fazem brotar ou fortalecer o amor de outros uns, pelos outros. Tragédias, dramas, desastres acabam por formar uma corrente do bem surpreendente e, e no fim das contas tudo pode levar ao amor, basta querer, e querer de verdade amar. “Em última análise, precisamos amar para não adoecer.”Freud

"Amor no Divã" e "Frases no Divã" é escrita pela psicóloga, psicanalista clínica, gestora de pessoas e especialista em projetos para terceiro setor +Renata Lommez,que me ajudou em todo o livro O AMOR NA TPM. 

Instagram: @renatalommez




18 novembro, 2015

Passe Livre

Coluna Larissa Facco



Me beija de novo pela primeira vez

Não fale do que foi. Começa de novo. Me redescobre. Tenho novas tatuagens. Novos sonhos. Tenho cócegas também, nos pés, mas novos medos nas mãos. Brinca com a minha orelha. Me beija de novo pela primeira vez. Deixa meu coração sentir aquela palpitação a cada beijo seu. Deixa eu te sentir perto de mim outra vez. Deixa eu ser a sua bailarina com o ritmo certo para sua vida. Silencia meu mudo, minha boca, meus medos e meus desejos. Deixa o silêncio falar por ti. Despe a minha alma, do jeito que só você sabe fazer. Percorre suas mãos pelo meu rosto. Liga os pontos e descobre que o desenho que se forma, tem a suas características. Ri de mim, ri de ti, ri comigo. Me faz perceber que o som que eu mais gosto, é o que sai da tua risada e que o formato que mais me encanta em ti, é dos teus olhos,enquanto desnuda a minha alma. Me serve do teu amor, me embriaga dele. Fala de nós com a perspectiva de futuro, com a certeza da eternidade, e me lembra que estar com você, pode ser leve, seguro. Me lembra que o amor é renascimento, que seu amor é o meu renascimento.



Instagram: @larissafacco e @blogumapluma
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13 novembro, 2015

A sétima arte, em palavras

 O AMAR É PUNK já está pronto e à venda pelo email: loja.fernandamello@gmail.com. Para ficar ligado nos lançamentos, só seguir o meu IG: @fernandacmello ou snap fecmello. Dia 26/11, tem o evento oficial, em BH, na Autêntica, Savassi. #savethedate Beijos e um ótimo final de semana!



A sétima arte, em palavras - Gustavo Rezende

Scott Cooper acertou mais uma vez! Depois do excelente Coração Louco e do eficiente Tudo por Justiça, o diretor nos apresenta Aliança do Crime, um longa muito bem estruturado, conduzido de forma magnética e com atuações soberbas, especialmente de Johnny Depp.
Depois de inúmeras escolhas equivocadas, o ator está de volta na melhor atuação de sua carreira! De forma absorvente e mediúnica, o astro constrói um personagem violento, sádico, de uma frieza inquietante e absolutamente asqueroso. Amparado por uma maquiagem que o deixou careca, com a pele repleta de cicatrizes de acne, e os dentes escurecidos, Depp deixa aflorar toda a psicopatia de James "Whitey" Bulger, um mafioso que monopolizou as ações criminosas em Boston nos anos 70 e 80. Com um olhar de gelar a espinha, o personagem mostra toda sua crueldade e capacidade ameaçadora através de cenas como a que mostra como ele educa o filho; ou como questiona a ausência da esposa do amigo na mesa de jantar; ou mesmo a forma como reage quando um parceiro revela o segredo de uma receita familiar. 
Repleto de referências a filmes de Scorsese como Os Bons Companheiros e Os Infiltrados, e com uma atmosfera envolvente como a de Os Suspeitos de Bryan Singer, Aliança do Crime consegue seduzir o espectador em um trama que envolve amizade, poder, traição, ambição e violência gráfica explícita. 
O elenco estelar ainda conta com o ótimo Joel Edgerton, que desenvolve um personagem arrogante, ambicioso e irritante. Sua transformação psicológica e a adoção de atitudes amorais pelo poder, transformam o ator em um grande contraponto para Depp. Apesar de também estar presente, Benedict Cumberbatch está completamente desvalorizado na pele de um senador, irmão de James. Outros grandes nomes como Kevin Bacon e Juno Temple completam o casting. A bola fora está na pequena participação da "Anastasia" Dakota Johnson. Rindo não sei do que, a atriz não confere peso dramático ao personagem, mesmo em uma cena dramática envolvendo seu filho.
Muito bem fotografado, com uma edição limpa e eficiente, o longa marca a retomada de Depp às grandes atuações, tornando-o um dos favoritos ao Oscar de ator. Simplesmente espetacular!





Gustavo Rezende (instagram @gustavosrezende) é publicitário, especialista em desenvolvimento de produtos cosméticos e amante da sétima arte. Criador do instagram @cinediario, contribui semanalmente com críticas, indicações e curiosidades sobre os melhores filmes.

11 novembro, 2015

Passe Livre


Coluna Pedro Raposo Lopes



A TEMPO E MODO

É mais sensual uma mulher vestida do que uma mulher despida. 
A sensualidade é o intervalo entre a luva e o começo da manga. 
(Antônio Lobo Antunes)

A brisa que vinha do mar tão próximo acariciava a pele vincada de mais de oito décadas de existência. A brisa era morna e o velho sentia-se morno por dentro e por fora, naquela varanda quase debruçada sobre o mar.

No chão, uma garrafa de um vinho tinto que se demorara muito a escolher no pequeno armazém, como se escolhesse um livro ou um quadro. Entre os dedos, um charuto com que foi presenteado por um querido amigo, um dos poucos (charutos e amigos) que sobraram depois de tanto tempo.

Já um pouco inebriado, observava o velho a jovem morena que, nervosa, certamente esperava por seu amado na calçada em frente. Gestos, ademanes e impaciência o denunciavam. A brisa fazia com que a saia batesse e esfregasse suas pernas muito bem esculpidas, pernas morenas sobre sapatos de salto muito altos, cuidadosamente escolhidos para a ocasião, ou assim o velho supunha.

E o tempo foi passando e o vinho foi sendo bebido e o charuto foi sendo consumido. A morena, do outro lado da rua, irradiava ansiedade. Os passantes observavam a bela mulher com olhos cobiçosos. Homens e mulheres, cada qual com a sua motivação. Ela, nervosa, dava pequenos passos para os lados, arrastando o salto sobre o passeio.

À medida em que o vinho produzia seus efeitos benfazejos, os movimentos daquela jovem mulher pareciam-lhe cada vez mais lânguidos, num descompasso entre a percepção e a realidade, pois que evidentemente a morena estava (ou deveria estar) cada vez mais ansiosa pela demora do negligente amante.

Bem poderia ser proposital a tardança. Aquele que provoca a espera sabe exatamente a eficácia daquilo que se produz no metabolismo de quem aguarda. Os batimentos cardíacos aumentam em sístoles e diástoles descompensadas e descompassadas, o corpo emite sinais que podem ser captados à distância e, por mais sentimento de raiva que se saiba produzir, também se sabe que tudo se desvanecerá e se esfumará num milésimo de segundo com a chegada, ocasião em que a raiva que se sente do algoz se sublimará em gozo.

O véu da noite começava a encobrir o sol quando aquele que se fazia esperar chega afetando pressa (uma pressa fingida, percebeu o velho da sacada quase debruçada sobre o mar). Vinha vestido como um dândi. Sapatos lustrosos, chapéu panamá, um terno de linho muito branco que se compunha perfeitamente com a atmosfera local.

Ela, súbito, como da sacada quase debruçada sobre o mar o velho supunha que aconteceria (afinal, não se passam oitenta anos impunes), deixa-se abraçar e abraça sofregamente. Palavras são ditas na língua estrangeira que o velho pouco conhece e que, dali, daquela sacada quase debruçada sobre o mar, também não conseguiria ouvir, haja vista a distância que os separava. A mão do jovem posta na nuca da morena, sob os cabelos cuidadosamente penteados, possibilitava inferir com razoável dose de certeza tudo o que se dizia.

De braços dados, caminha o casal rumo ao mesmo hotel do velho. Ele, o jovem, com uma elegância muito artificial, mas convenientemente convincente. Ela, a morena, equilibrando-se naqueles saltos muito altos, um andar pouco elegante, mas que, tudo sopesado, em nada embotava a beleza do quadro.

Recolheu-se o velho para o interior do pequeno aposento que ocupava. Como o vinho tivesse acabado, serviu-se de uma dose de scotch da pequenina garrafa posta na bandeja sobre a também pequenina geladeira. Deitou-se. Recostou-se num par de travesseiros. Ouviu o inconfundível barulho dos saltos altos da morena percutirem no piso acimentado do corredor. Ouviu a porta do quarto ao lado fechar e a sacada quase debruçada sobre o mar abrir.

Levantou-se tão rápido quanto pôde da cama e, qual um adolescente, pôs-se a auscultar a parede, não tanto pela curiosidade, mas à feição de um torcedor do regozijo alheio.

Os rumores que vinham do quarto ao lado não davam margem a dúvidas. O jovem dândi despiu-se com pressa, arremessou o corpo da amada sobre a cama e, sem o necessário zelo que a ocasião predicava, desatou aquilo que lhe embaraçava a satisfação. Movimentos velozes e descuidados, muito provavelmente como aprendera nos modernos filmes. Gemidos de prazer seguiram-se ao ranger da cama e tudo estava consumado em questão de minutos.

O velho, um pouco desconsolado, servindo-se do restante da garrava de scotch, deitou-se no mesmo instante em que pôde ouvir a televisão do aposento ao lado iniciar sua litania em língua desconhecida.

Sentiu vontade de bater na porta do vizinho e dizer ao jovem que a vida só merece ser vivida se sorvida com vagar. A vida, como o corpo de uma bela mulher, deve ser desnudada com muito zelo. A contemplação é tão ou mais importante quanto a ação. Tudo a seu tempo e modo. Os dias merecem ser passados com delicadeza, como quem desata os botões da blusa da amada. A vida deve ser vivida momento a momento, como as presilhas de um corpete que devem ser desabotoadas uma a uma, sem pressa, cada qual deixando entrever aquilo que ainda está por vir. Por mais robusto que possa parecer (e o daquela morena certamente o era), o corpo de uma mulher é coisa sempre muito frágil e pode alquebrar-se se não for explorado como quem explora uma ruína de argila muito antiga, assim como a vida pode ser toda ela derruída num átimo, porque coisa também muito frágil. A vida, assim como o amor, não é uma permanente urgência. Oitenta anos não se passam impunes.



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09 novembro, 2015

Dona Baratinha é punk!


Contos de fada no Divã

Ando frustrada com muitos contos infantis, dessa vez em especial com “O casamento da Dona Baratinha”. Confesso que fiquei constrangida ao contar para meu filho de seis e minha filha de quatro anos a história de uma baratinha que era infeliz porque não havia “arranjado marido”.
Com isso me veio à pergunta, já que sabemos o quanto a literatura pode interferir no nosso desenvolvimento porque ainda passamos adiante esse tipo de valores que não condizem mais com as conquistas que nós tivemos como pessoas e, principalmente como mulheres. Já nascemos idealizados com os desejos que nossos pais depositam sobre nós enquanto nos aguardam, recebemos educação, mas a cultura também é fundamental para nos formar como indivíduos e cidadãos. Alguns contos que foram escritos há muito tempo deixam em conflito quem busca se realizar de outras formas e que são infelizes porque não encontraram ninguém para se casar. Não há problema nenhum em “encontrar  alguém que lhe dê amor”, o problema está em acreditar que essa é a chave para a felicidade. E vou te contar uma coisa que acontece muito entre minhas pacientes, além de ter que lidar com o que lhe fizeram acreditar ser verdade é preciso lidar com a cobrança social. Tem muita gente que é bem sucedida profissionalmente, mas que se incomoda com os olhares pensantes sobre seu estado civil. São lindas as princesas, mas acho a maioria muito boba por esperar o príncipe encantado como objetivo de vida. Hoje somos princesas quando vamos sozinhas a uma livraria porque isso nos enche de conhecimento e sonhos, e não para arranjar alguém inteligente. Somos princesas quando vamos ao salão de beleza porque queremos nos cuidar, por dentro e por fora, porque somos independentes emocionalmente.  Somos felizes para sempre se estamos em paz conosco sem necessitar do olhar de alguém. Somos felizes para sempre porque temos atitude e não precisamos depositar nossa felicidade em um relacionamento que não seja com a gente mesmo.


"Amor no Divã" e "Frases no Divã" é escrita pela psicóloga, psicanalista clínica, gestora de pessoas e especialista em projetos para terceiro setor +Renata Lommez,que me ajudou em todo o livro O AMOR NA TPM. 

06 novembro, 2015

Amar é punk (e Spielberg também!)

E, finalmente, chegou! O tão esperado AMAR É PUNK já está pronto e à venda pelo email: loja.fernandamello@gmail.com. Para ficar ligado nos lançamentos, só seguir o meu IG: @fernandacmello. Beijos e uma ótimo final de semana!


A sétima arte, em palavras - Gustavo Rezende


Steven Spielberg está de volta, e em grande estilo! Em Ponte dos Espiões, o genial cineasta utiliza mais uma guerra para contar a história de um homem que se destacou em uma sociedade acuda e paranóica com a possibilidade de um ataque nuclear. Esse era o contexto da Guerra Fria, período onde os Estados Unidos e a União Soviética travaram uma "batalha silenciosa", repleta de espionagens, prisões políticas e marcada pela perda do íntimo e do pessoal. É nesse cenário caótico que Spielberg nos apresenta a envolvente história de James Donovan, um advogado de seguros que aceita defender um suposto espião soviético, capturado pelos americanos.
Cada dia mais envolvido com o caso, Donovan acaba se vendo eleito como negociador oficial do governo americano em solo estrangeiro. Nesse contexto, o cineasta escancara uma edificante mensagem de amor ao próximo, tolerância entre os povos e, principalmente, persistência na busca por aquilo que se almeja. Com um roteiro repleto de sarcasmo - o texto final foi revisado pelos irmãos Cohen - o longa apresenta uma narrativa linear e convencional, mas repleta de momentos antológicos e emocionantes. Um dos grandes destaques do filme fica por conta do elenco. Encabeçado pelo sempre ótimo Tom Hanks, a produção conta ainda com a avassaladora atuação de Mark Rylance. Na pele do espião soviético, o ator constrói um personagem contido, inabalável e repleto de subcamadas emotivas, tornando-se um sério candidato a uma indicação ao Oscar de coadjuvante. 
Claramente dividido em duas etapas distintas (mas dependentes), Ponte dos Espiões se apresenta como um eficiente drama de tribunal em sua primeira metade, e como um ótimo drama de situação em sua metade final, apesar de apelar para o sentimentalismo em algumas passagens. Um alerta fica por conta de seu ritmo. Basicamente formado por diálogos e pouquíssima ação, o filme pode entediar aqueles que estão acostumados a narrativas mais movimentadas. 
Brilhantemente dirigido, com uma cinematografia impecável e uma mensagem extremamente atual, Ponte dos Espiões é um filme espetacular. Não deixe de ver!




Gustavo Rezende (instagram @gustavosrezende) é publicitário, especialista em desenvolvimento de produtos cosméticos e amante da sétima arte. Criador do instagram @cinediario, contribui semanalmente com críticas, indicações e curiosidades sobre os melhores filmes.

04 novembro, 2015

Passe Livre

Coluna Larissa Facco



Playlist

Estou há dias tentando ouvir novamente aquelas músicas, que você colocou na minha playlist há um tempo atrás, me dizendo que eu precisava conhecer e lembrar de você quando tocasse.

E hoje, eu me pergunto: Porque raios, eu fui associar as músicas mais legais com a sua pessoa? Agora, não consigo escutar, me vem você na cabeça, a sua mão segurando a minha, o seus olhos, me olhando, a sua boca verbalizando aquela canção para mim, e meu coração batendo mais forte a cada sussurro dito.

Eu acreditei em cada palavra que me cantou, guardei como tesouro cada sílaba proferida. Mentalmente eu cantava todos os dias para mim mesma aquelas canções, como talvez, uma promessa, um desejo, uma jura de amor, algo para me apegar, quando eu sentia que as coisas estavam estremecidas.

Eu fiz daquelas palavras, o meu mundo, a minha vida, peguei para mim, desafiei meu coração a se abrir , e foi quase a fórceps que ele abriu. Coitado!

Eu queria que aquilo tudo fosse verdade, queria que tudo fosse algo mais. Eu achei que seria. Achei, com todas as minhas forças. Eu entreguei meu coração, minhas expectativas, meus sorrisos, meus olhares, minhas promessas, tudo isso á você.

E o que eu tenho hoje, após dois meses do nosso fim? Uma pessoa que antes, eu chamava de amor, de meu amor, que eu achava que era, e agora, é um estranho..


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