18 junho, 2015

O QUE VOCÊ QUER LEVAR DESSA VIDA?



Os ponteiros acusam: a hora escorre pelos dedos. A terra gira mais rápido. As folhinhas do calendário viram depressa demais. Quando percebemos, no caos que nos rodeia, estamos no meio de um plano inacabado, com a ansiedade no colo (e uma lista interminável de insatisfação nas mãos). O resultado? Ansiedade! E uma aflição no peito que não nos deixa parar.

Queremos ser mais rápidos. Mais produtivos. Mais felizes. Mais jovens. Mais conectados. QUEREMOS SER MAIS SEMPRE.

A verdade é que não há nada de errado em se aperfeiçoar, muito menos em querer ser melhor. A vontade vira problema quando nos tornamos vítimas da nossa própria pressa. E a ansiedade, ao invés de mola, se torna fardo diário na vida da gente. Estou errada? Creio que não. Tudo ficou fast, gostando ou não do termo. O novo se torna obsoleto em questão de meses. Surgem versões atrás de versões, upgrades diários, tanta novidade que a memória não consegue lembrar o número do nosso próprio telefone.

E a gente passa a vida correndo. Calculando. Somando. Tentando. Esquecendo que, no fundo, a vida é um grande clichê, e as coisas que REALMENTE fazem diferença são muito simples.

Vejam meu próprio exemplo: anos atrás, conheci um vendedor de picolé na praia, enquanto ele fazia seu habitual trajeto de venda. O dia estava lindo, o mar tinha uma cor verde-esmeralda incrível, e ele perguntou, bem de repente, enquanto eu admirava a paisagem: “Menina, no fim, o que a gente leva dessa vida?” Fiquei sem saber o que responder, afinal não estava preparada para uma pergunta daquelas. E ele mesmo se solucionou, com aquele ar de quem está apenas pensando alto: “É, a gente só leva lembranças...”

Pronto! Dez anos de terapias poupados. Não quero levar dessa vida uma lembrança que inclui cara feia, trânsito infernal, buzina, palavrão, correria e uma pressa desvairada. Não, não quero. Não quero faltar a aniversários, a encontros com amigos, esquecer abraços, me faltar como pessoa por pura falta de tempo. Quero levar, como lembranças, todas as coisas simples que eu considero essenciais: Amores. Risos. Beijos. Abraços. Alegrias. Realizações. Palavras. E aquele sentimento de que não vivemos e, sim, desfrutamos a vida. E, para DESFRUTAR, não existe pressa.


Nenhum comentário: