11 março, 2015

Passe Livre


Coluna Gabriel dos Anjos

O que vem junto com a genética?

Herdamos de nossos antepassados cor dos olhos, do cabelo, tom de pele. Eu, além de tudo isso, herdei a escrita, a insana vontade de querer explicar sentimentos, situações, imaginações. Herdei um dom, uma pedra preciosa. Nós, escritores, temos o poder de eternizar pessoas, amores, dores. Escrever é onde eu encontro o meu estado mais pleno. Escrevendo é onde eu consigo também me eternizar. 
Em minha família, alguns escrevem escondido outros não escrevem mais, sofreram desilusões e partiram para outra. Augusto e Geraldo não se esconderam. Ao que tudo indica, Augusto faleceu cedo por causa das doenças da época. Mas fez seu nome na literatura brasileira, é conhecido como o "Poeta da morte". Já Geraldo, escreveu livros com histórias belas e fortes, um repórter policial. Também já se foi, a bebida o levou. Não consegui ter um minuto de papo com nenhum dos dois e nem eles um dia conseguiram se falar, foram épocas diferentes. Mas vejo que um deixou recado para o outro através de poesia. Augusto escreveu "O ébrio" que ao meu ver se encaixa na vida de Geraldo. Sempre gostei de uma tela do Van Gogh que se chama "A noite estrelada" e há pouco tempo fui descobrir que Augusto escreveu "A floresta" inspirado nessa tela. Não os conheci, mas sinto a presença deles em cada palavra que escrevo. São minhas maiores inspirações. Sem eles, não haveria versos, prosas ou rimas. Seria um descompasso. O tempo não parou para um poder dar dica para o outro. Mas sei que tive a honra de ser escolhido para ter o mesmo dom que eles e assim, eternizo todos em meu coração, em meu caderno e na caneta que teima em não sair da minha mão (ainda bem). 

-Gabriel dos Anjos. 
Instagram: @gabrieldosanjos_ 
Página no Facebook: www.facebook.com/semsentidonaemocao (Sem sentido na emoção).


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