Não importa se você goste ou não de carnaval. Nosso bloco é do amor e aqui a gente samba o ano inteiro. Um ótimo feriado, turma!
Agora, a coluna do nosso queridíssimo Gustavo Rezende:
A sétima arte, em palavras - Gustavo Rezende
Somente Charlie Kaufman seria capaz de produzir uma animação tão ousada, profunda e melancólica como Anomalisa. O cineasta responsável por Quero Ser John Malkovich, Adaptação e Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças constrói um maduro estudo sobre a solidão, a incomunicabilidade, e os desgastes das relações humanas. Utilizando a técnica de stop motion, Kaufman desenvolve um mundo palpável, acabrunhado e colorido ora em tons pastéis, ora em uma paleta mais densa. Uma cinematografia que traduz todo o estado de espírito de seus personagens. Com sua conhecida e brilhante audácia, o diretor introduz duas cenas inesperadas durante a projeção, uma delas envolvendo nu frontal, e outra expondo um sexo oral entre os personagens. Mais adulto impossível!
A trama acompanha a viagem de Michael Stone - uma celebridade do mundo corporativo - a Cincinnati nos EUA, onde tem uma palestra agendada. Ao contrário dos temas de auto-ajuda abordados em suas exposições, Stone é um ser introspectivo, indeciso e com graves problemas de relacionamento. Casado e com um filho, ele encontra em uma fā a chance de descobrir o verdadeiro significado do amor. Pronto! Somente isso deve ser revelado sobre esse brilhante filme, afinal Anomalisa precisa ser sentido, descoberto e absorvido. Brincando com as vozes dos personagens, Kaufman elabora um criativo artifício para transmitir sua mensagem. Sendo assim, não assista de forma alguma à versão dublada, afinal a sonoridade do longa é essencial para a sua compreensão.
Triste, emocionante - e por que não dizer injusto - Anomalisa é o retrato da vida como ela é, com suas perdas, derrotas e decepções. Tudo isso em um formato que você jamais viu: uma animação!
CURIOSIDADES:
● O longa foi indicado ao Oscar de melhor animação.
● O filme conta com apenas três nomes nas dublagens, dentre elas Jennifer Jason Leigh, indicada por Os Oito Odiados. Sua importância na trama pode ser comparada à personagem de Scarlett Johansson no espetacular Ela.
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