20 maio, 2015

Passe Livre

Coluna Gabriel dos Anjos


“Quando estreou A culpa é das estrelas"

Ao assistir o filme "A culpa é das estrelas", sem intenção alguma de criticar ou qualquer outra coisa do gênero, tive a vontade de escrever. Escrever para mim, escrever para os que se interessam, se importam comigo. Sem a menor preocupação de estar fugindo (talvez e/ou de certa forma) do tema tratado na história, quero botar pra fora o que deu vontade de realmente sair de mim. Sim, estou falando do meu próprio eu. Nesse texto não me escondo em nenhuma personagem se quer. No meu íntimo total, tento vomitar o meu ser, me colocar pra fora para eu poder me enxergar. Alguns devem pensar que estou rodeando para que no final eu fale de um mesmo assunto. De certo seria a paixão ou algo parecido. Mas hoje eu digo que não, mando a paixão que um dia senti (por algumas pessoas) ir à merda. Com o filme rodando eu percebi que eu me acostumo, mesmo sabendo que novas coisas podem vir. Me acostumei com paixões alheias, sabendo que o amor existe, e que em qualquer suspiro de vida ele pode aparecer. Me vejo num espelho mental e sinto um rancor da minha futilidade material e ainda não satisfeito, da minha futilidade sentimental. No estalo dos dedos a vida muda. Nesse velho clichê, coloco uma continuação e digo "ao fechar um ciclo, outro se inicia." Será mesmo? E se o tempo não for tão bom quanto eu penso? Não temo a morte. A morte sempre se pertence, vai de qualquer jeito aparecer, prefiro então deixar ela lá, bem sossegada.
O meu medo maior é a incapacidade dos outros, incapacidade de ajudar, de amar, de ser feliz e principalmente de viver. Percebo que para algumas pessoas, a vida está valendo tão pouco. Para mim não, ela é única, tenho que aproveitá-la ao máximo. Sim, eu sei que eu posso estar dando mil e uma voltas nesse meu escrito. Mas, sinto a necessidade de por para fora toda essa bomba. Eu cansei do velho " e se...", " e se... Algo acontecer", "e se... Não der certo", "e se..." Caramba, estou mandando o "e se..." ir para o mesmo lugar das paixões, como eu citei no início. O filme me mostrou uma esperança, como se diz no mantra que gosto de escutar "Om mani padme hum", que significa: da lama nasce a flor de lótus. A história retratada (mesmo que tenha sido fictícia) me deu esse pingo de esperança. Esperança num mundo melhor (sei que esse é um outro clichê), esperança em pessoas sentimentalmente melhores e humanas, esperança num eu bem melhor para poder seguir. Seguir minhas vontades, meus desejos, seguir meus sonhos. Seguir em busca de meus objetivos, seguir em busca de um crescimento, ou melhor, de um amadurecimento de espírito.
Cansei de uma tristeza embriagada em mim e nos outros. Sim, eu sei que em muitos e muitos momentos não queremos dar um sorriso, dar uma palavra amiga, dar um apoio. Em muitos momentos eu me fecho por causa de meus problemas. Ao sair do cinema eu percebi que não tenho problema algum. Meu Deus, eu não passo fome, eu não durmo embaixo de uma ponte, eu não tenho um câncer que corrói o meu pulmão, o meu fígado, seja lá o que for. Isso sim são problemas para se pensar e muitas dessas pessoas que passam por isso, não reclamam de tudo. Eu tenho sim a obrigação e o dever de dar um sorriso todo dia, de cantar, de pular de dizer que sou feliz. Porque é exatamente isso, eu sou feliz, sou sortudo. Ao escrever essas últimas frases eu me sinto mais honrado por reconhecer tudo isso. Por pelo menos em alguns minutos tirar a cegueira falsa dos meus olhos e enxergar o outro e enxergar o meu eu.
E o amor mostrado no filme, alimentou o meu ser e me fez ter a certeza que ele existe. E que ele não aparece só em uma relação de casal. Ele está presente numa ternura, num afeto, numa palavra amiga, num conselho, num gesto. O amor simplesmente aparece quando as coisas são feitas de coração e sem intenção.

Gabriel dos Anjos. 
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