23 março, 2012


QUE FILME A GENTE SERIA?

  
Difícil começar a escrever sobre temas que anotei na minha lista de “crônicas para se pensar”, quando só uma coisa me vem à cabeça. Você. É, você.  Você e seu jeito de me olhar quando eu abro a porta de casa. Você e suas blusas Hering sempre iguais. Você e seu jeito de mudar o canal cem vezes por minuto. Você e seu jeito tosco que às vezes me irrita. Você e suas manias engraçadas que me fazem rir. Você e seu coração que quase te engole. Você e seu jeito investigativo de olhar para o mundo, como se tudo fosse um filme. Achando planos. Ângulos. Luzes. Sombras. E me enquadrando no meio de tudo.

Nessas horas, te olho e penso: que filme se passa quando você NOS vê? Que filme te lembra quando você ME vê? Seria eu uma das mulheres loucas de Almodóvar? Uma neurótica com ares nouvelle vague, bem Woody Allen? Ou – quem sabe?- surgiríamos das telas lisérgicas de Kubrick, surpreendendo a nós mesmos, com atitudes e tons que teoricamente nunca teríamos? 

Mas... Não. Não seria assim. No máximo, Agnes Varda te serviria de inspiração (gosto de pensar que você me acha maluca, mesmo tendo consciência que isso te assusta). A verdade é que tudo em você é original demais. Sua mente é intensa e infinita e eu adoro pensar nas imagens que dançam em sua cabeça, logo eu que só penso com palavras.

Aposto que agora você está imaginando: como seria o NOSSO filme? Bom, tenho uma coisa a dizer. A história é nossa, mas a direção é sua. Sempre foi, desde que te conheci. E eu te sigo, sigo... Produzo o que não existe, crio diálogos intermináveis, mudo o roteiro a toda hora. E tenho que confessar, mesmo tendo a lua em Áries (coisa de quem não aceita ordens): eu GOSTO disso. Gosto que você dirija. O carro. O ritmo. A ordem. A viagem. A relação. Porque, vamos ser sinceros... Se fosse eu a diretora dessa história, nosso longa-metragem seria um curta (já que nunca fui dada a grandes experimentos). Mas você me mostrou que faz parte acreditar. Amadurecer. Ter paciência. Relevar. OK. Vale conhecer o enredo. Vale apagar tudo e recomeçar. Vale rebobinar e rever.  Vale apertar o pause e tentar. Não é assim? Por isso, antes que esse texto vire um emaranhado de metáforas baratas de cinéfilos, vou improvisar e dizer sem pensar (porque ambos sabemos que esse é um dos meus hobbies preferidos e meu “quase talento”): te deixo nos guiar, se você, por sorte, me deixar escrever. O roteiro é meu. Mas a direção é sua. Adivinha só o final que eu reservei pra nós?




Obs: Nunca subestimem uma adoradora de Agnes Varda. Veneramos o incomum, o inusitado. Mas gostamos da emoção. E da realidade que mostra, de forma doce, a dureza de sentir tanto.


E você? Que filme seria?

13 comentários:

Thalyta Costa disse...

O coração acelera e a emoção se instala sempre que paramos para ler a Fernanda. Não tem explicação para o seu talento com as palavras e sentimentos. Texto Surpreendente!
Sorte dessa pessoa que protagoniza, dirige seu filme e inspira suas palavras. Beijoooo, Fê! Minha escritora predileta!

Karina Balde disse...

Que AMOR mais lindo!!!!

Anônimo disse...

que lindo o texto, adorei o seu jeito de escrever e de descrever esse amor, como já dito nos comentários, lindo.

shakespearementiu.blogspot.com

Regiane S. M. Prates disse...

Amei amada!! Linda, minha Princesa de rua.. ♥

Equilibrista disse...

me identifico muito com esse Vicky Cristina Barcelona, por mostrar a insatisfação crônica de uma mulher que não sabe o que quer (Cristina), uma mulher romântica que preza seus valores (Vicky)e uma louca que chega pra bagunçar tudo (Maria Elena), em volta de um homem que tem que dar conta das três por nunca ter encontrado todas essas personalidades incríveis em uma pessoa só (...)

Andréa Tostes disse...

Nossa... Essa sua pergunta me fez pensar coisas loucas! Que filme eu seria?
Eu adoraria dizer que sou um clássico glamuroso dos anos 50, ou talvez um cult cabeça dos anos 70. Mas não... descobri que sou uma pessoa comum, previsível, normal. E sabe, isso não é ruim! Filmes comuns e previsíveis também têm seu público cativo. Eles servem para fazer a gente esquecer do stress do dia-a-dia numa sexta à noite ou se divertir numa tarde de sábado comendo pipoca. Eles dão uma sensação de conforto porque mesmo com todas aquelas reviravoltas, sabemos que podemos torcer sem medo pelo final previsível e feliz! E isso é bom... A certeza de que tudo vai dar certo no final!
É, então respondendo à sua pergunta, eu seria uma comédia romântica água-com-açúcar em cartaz na sessão da tarde! Comum, normal, mas nem por isso sem-graça.

PS: esse seu amor sim é coisa de cinema, viu?

Unknown disse...

Vc linda Fe? Vaaaarios filmes... Inspirados com a melhor trilha sonora. Mas dos mais lindos, vc pra mim seria um filme inédito, e com a sua trilha sonora... "A historia linda da Fernanda Mello".
Eu? Prefiro ficar sem aparecer na felina e só me deliciando com coisas de que sabe fazer, como to fazendo agora, lendo essa crônica linda e aplaudindo no final! Arrasou! And the Oscars goês to: Fe!

Luri Barbosa disse...

Absolutamente lindo!

Paolla Milnyczul disse...

Maravilhoso!!!!!!!!!!!!

Paolla

http://licordeamora.blogspot.com

alessandrochas disse...

E como não amar Fernanda Mello? Cada palavra traduz o que se passa em mim. Sou admiradora nata. E amo cada parágrafo que você escreve Fê. Sou fã entregue e apaixonada. <3

Unknown disse...

Que lindo!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Que palavras mais sensíveis...sou fã!

Márcia Abade disse...

Fernanda Mello se você não existisse eu te inventaria. não sei mais viver sem ler você. adoraria ver um diálogo entre você e clarice.

Frô disse...

Eu sempre me vejo como a Clem do "Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças". Adoro a personagem. Essa impulsividade, esse espírito livre. Sou um pouco Clem, mas às vezes queria ser totalmente Clem. E fico me imaginando se na vida real eu daria certo com um Joey, ou se eu ia preferir alguém mais agitado, divertido. Amo, amo, amo a Clem!